quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ARDE O MEU CASTELO

CANTARES
Oh! que canto
Eu canto?
Oh! que lamúria.
Desta minha penúria.
Findar a servir
Sem ver provir.
Nesta terra de egrégios.
De antigos costumes régios!
Canto... Ao caído poente.
Não mais, haverá nascente!
Neste fado moderno
Com as cores do inferno.
Canto ao vento.
Com guitarra sem alento.
Viver sem riso.
Morte que não dá aviso.
Pois à carne... Não houve preferível tino.
Que, à alma... Não desse melhor destino.
Dor de perene calma.
Inextinguível será a minha alma!
Sem perfilhar alma de fúria
Nem vida de luxúria.
Continuo com meu corpo crente.
Mesmo nas garras de quem mente.
Canto... Felicidade.
Ao espelho da autenticidade!
Vivo de arma municiada.
Nunca pelos seus denunciada.
Danço... Nacional folclore.
Amor que criança implore.
Em suas constantes reivindicações.
Neste castelo de nacionais corações.
Canto... Dor e tristeza.
Já não há certeza!
Neste mundo atrofiado
Em que tudo é desconfiado.
Ver o sol amanhecer.
E todo o mundo conhecer!
Canto e espanto
Com meu pranto.
O pobre tramado
Em sangue derramado.
Funesto poder compulsivo
Deste mundo explosivo.
Caminho delirante
Com meu corpo febricitante.
Nesta terra já árida!
A qual, jamais dará mulher parida!
A filho de uma bandeira.
E nacional canseira.
Na Portuguesa esteira
Universalmente obreira.
O tempo, tudo no universo espelha. E das cinzas, renascerá. No entanto, no espaço da actual tempestade. Vai-se consumindo o Sol. Mas, não se vislumbram iluminados! E neste social obscurantismo. À maior parte das planetárias populações, o dia é cada vez mais escuro.
Sol quente.
MIrra meu corpo ardente.
Outrora independente.
Solstício de soalheira.
Fogueira traiçoeira.
No ar, tudo é negra poeira.
Terreiros ardidos
De campos perdidos.
Pedras esquecidas.
Por outros merecidas.
Corpos feridos
Com hinos traidos.
Filhos ofendidos
Na escravidão perdidos.
Terras fendidas.
Mil ossadas perdidas
Sem honrosas despedidas.
Vergonhosas partidas.
Planíce deserta.
Em ti, nada desperta.
Teu ventre, é areia queimada.
Não mais amada.
Secou do homem quinhentista
O calor da conquista!
Até o sol, na sua quentura.
Já a ti, não é ventura

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