sexta-feira, 26 de março de 2010

CRUEL DIVERTIMENTO

Cruel Divertimento.
Em troca de um grão de alpista.
Damos aprisionamento.
A quem, a liberdade não conquista.
Pássaro encantador.
Findas engaiolado. Por seres um trovador.
Quem te manda ser ave artista.
E cantares como um fadista.
Neste mundo de crueldade.
E viciada maldade.
Que de uma ave faz uma vitrola .
E na sua luxuria a engaiola.
Eduardo Dinis Henriques

quinta-feira, 25 de março de 2010

MISÉRIA

MISÉRIA
Ali. Estático.
E apático.
De mão estendida.
Com a vida ofendida.
Um ser moribundo.
Pertença deste mundo.
Sem outra alternativa.
Esmola a côdea caritativa.
Como única sobrevivência.
Há sua existência.
Neste mundo de perdidos.
Que ao encontrado, nasceram despidos.
Mas rápido, estenderam as garras.
E apertaram as suas amarras.
Sobre todas as searas planetárias.
Instituindo graves carestias humanitárias.
Mão desumana.
Que à urbe, somente irmana.
Na sua avareza.
Mais pobreza.
Força deletéria.
Por todo o lado a fecundar miséria.
Cá, ali e além. Mãos de necessitados.
Flutuam entre corpos esfomeados.
Por todo o lado, famintos acorrentados.
Choram prostrados.
Lata vazia e deserta.
Da multidão já nada desperta.
As amarras viciam.
E qualquer espasmo de humanismo. Silenciam.
Neste mundo de mortais.
Vestidos. Medalhados. Mas brutais.
Eduardo Dinis Henriques

terça-feira, 23 de março de 2010

POBRE É O OURO QUE NÃO BRILHA

De mão estendida
Caminha o pobre
A sua desdita.
Segue a vida erguido e nobre.
O trajo desfiado.
Nem parece esfarrapado
De tanto que é asseado
E cuidado.
Sem orgulho vai mendigando
A luz que o vai guiando.
E lhe vai dando.
A alegria que vai ofertando.
Mesmo com os pés frios
E mal calçados.
Caminha sem martírios.
Mais sorridente que os abastados.
E na magra algibeira.
Sempre guarda algum trocado.
Que de forma companheira
Oferta ao mais necessitado.
Lá no alto, a sua estrela brilha.
E ele, na sua singeleza.
Segue a sua trilha.
Espelhando nobreza e realeza.
Entre a terrena pobreza
Eduardo Dinis Henriques

segunda-feira, 22 de março de 2010

EU

EU
Neste todo de rituais.
A iguais finais.
Por caminhos de alegria e tristeza.
Resta ao meu eu. Esta certeza!
A Alma. Reabre sempre uma aurora de felicidade.
Um raiar de paz e suavidade.
Mesmo quando a dor. Fere de solidão o coração.
A Alma. Angelicamente, canta a sua espiritual oração.
Tentando camuflar a tristeza, do eu, que a comporta.
Enquanto indica o rumo, a uma nova porta.
A Alma. Sou o eu, que ainda desconheço.
A celestial aurora, com quem sempre amanheço.
E assim, julgo ser eu?
A forma que alguém me deu.
Se é que, consigo discernir? Entre o teu, e o meu?
Neste caminho aos Céus?
Ou findar, fundido nas profundezas dos terrenos breus.
No meio de crentes e ateus.
E de mais, que nem riem nem choram.
Porque a vida ignoram.
Eus, que a vida não chamam.
Eus, que não crescem, porque não amam.
Neste mundo de incompreendidos.
Mas todos à vida nascidos.
Na mesma demanda de vencer, sempre o conseguido.
Guindar ao além do anteriormente erguido.
Desvendar os mistérios.
Que restam para além dos cemitérios.
Na ânsia de cruzar as fronteiras.
Das cósmicas fogueiras.
Que dão a vida e a morte.
E nos sustentam o norte.
Em forças de invisíveis filamentos.
E sincronizados movimentos.
Gerados por criativos pensamentos.
Ou sem definidos fundamentos.
A força de um vazio em retracção?
Fez solidificar o silencio do nada em contracção.
Em elementos que, em continuada explosão, se vão expandindo.
E pelo nada, não mais vazio. Caindo.
Até que, a força de magnéticos laços.
Os anime em seus cósmicos abraços.
A movimentos com o todo sincronizados.
Mas ao nada criados.
Tempo e espaço, com a força do todo conciliados.
Fogo e gelo, pelo todo instrumentalizam.
E a sua força prodigalizam.
Sonhos?
Ou resquícios? Do meu eu, por antigos caminhos?
O meu eu, em pensamentos.
Ainda sem humanos discernimentos.
A que vêem tantos véus?
Neste falar de bons e réus.
Árvore que geraste o castigo.
Fruto que por séculos e séculos mastigo.
Sem que, à sombra da árvore, me tenha deitado contigo.
Mas continuo pelos séculos fora, ao castigo acorrentado.
E à terrena vida limitado.
Eu, em punição sem perdão.
Árvore a sofrido umbilical cordão.
Ainda sem mentira nem verdade.
Neste correr sem piedade.
Por quem somente é filho da desdita.
Daquela mão expedita.
Que na ânsia da igualdade.
Cometeu imperdoável maldade.
Matéria e espírito.
Em constante atrito.
Força o meu grito.
Que clama por mais pertencer.
Ao todo, que todos, teremos que vencer.
E assim, inquirindo, viajo na vida que me legaram.
Os eus, que primeiro aqui chegaram.
Esquecidos das moradas antecedentes.
Sem memórias de amigos e seus parentes.
E sem nada, que ao todo os ligassem.
Nem um Deus que amassem.
Ou conhecimento que abraçassem.
Eus, perdidos, no terreno mundo.
A navegar no azul profundo.
Universal novo elemento.
Que sem qualquer mandamento.
Começaram num vazio de emoções.
As humanas relações.
E sem instrumentos.
Às alturas, construíram alguns monumentos.
Ainda num vazio de sentimentos.
Eus, que depois do todo perdido.
Vagueiam pelo pântano concedido.
Com medo dos horizontes.
E das sombras dos montes.
Eus desnudos. Sem roupas nem preconceitos.
Eus, que ao cansaço, constróem leitos.
E no aconchego do calor, fecundam o acasalamento.
Dando vida a mais um eu, sujeito ao mesmo pungimento.
Eus, de mão sempre estendida. Na força da humana ambição.
Neste castigo de continuada perdição.
Eus sem mãos.
Aos seus humanos irmãos.
Eus, que pela vida os seus infortúnios vão sangrando.
Mas ao todo, os caminhos alegrando.
Nos passos orvalhados que vamos deixando.
Uma nova vida vamos ensinando.
Eduardo Dinis Henriques

CORRECTAMENTE POLÍTICO

CORRECTAMENTE POLÍTICO
Depois de Pilatos.
Que por medo. À urbe entrega um inocente.
Quantos falsos aparatos?
Quem governa consente.
Quantas cruzes?
A ofuscar as universais luzes.
Quantos inocentes?
São vitimas dos actuais presidentes.
Quantas cruzes se carregam em cerimoniais?
De políticos festivais.
Somente para fazer brilhar políticos chacais.
E quantas? Se penduram em casacas de generais.
Para encobertar e pagar à espada.
Que a cabeça do inocente deu por decepada.
Cruzes, que à humanidade não foram prestadas.
Mas sim, ao interesse político emprestadas.
Para garantirem aos políticos chacais, segura guarida.
Em desprimor da pessoa querida.
Cruz do monte das oliveiras.
Chagas padroeiras.
Sangue e sofrimento.
Mas nada resta de teu humano sentimento.
Brutal esquecimento.
Neste mundo que por si vai crescendo.
Mas pouco merecendo.
Terreno purgatório.
Em ti, somente é notório.
O político finório.
Infernal promontório.
Teu político território.
É do inferno o maléfico portal.
Político chacal. És na terra a espada mortal.
Chacal sem olhos. Só feito de barriga.
Por ti, toda a seara seca, sem benfazeja espiga.
E já cadavérica a criança.
Caminha sem esperança.
Neste pantanal de tanta política desavença.
E de tantas cruzes ferrugentas.
A adornar mentes sangrentas.
Eduardo Dinis Henriques

domingo, 14 de março de 2010

EU

EU
Com o continuar do meu eu.
Vislumbro que o meu eu, tem algo de meu.
Pois entre os muitos eus.
Que habitam entre tantos Céus.
Todos têm diferente forma interrogativa.
E consoante ideia afirmativa.
Dos eus pensantes.
Que entre os Céus, vivem de tantos eus dependentes.
E de todas as outras formas, visíveis e invisíveis.
Umas, por todos vistas e palpáveis.
Outras, de diferente modo, por cada eu sentidas.
Consoante o trajecto de suas vidas.
Mas que, não deixam de ser eus.
Dependentes dos teus e dos meus.
Nesta cadeia à existência.
Ainda em humana turbulência.
Mas a caminhar dentro da mesma convergência.
Entre ódios e lutas de sangue e morte.
Sem saberem porque há norte.
Seguem os eus, entre beijos e castigos.
Temerosos da espada dos inimigos.
Clamam pela mão dos amigos.
Nesta trilha de maldade e bondade.
Vão vivendo os eus, da riqueza ou caridade.
Do trabalha ou da usura.
Da fraude ou da lisura.
Na vergonha ou na vaidade.
Vive cada eu, a sua realidade.
Entre paixões e amores.
Vão vivendo os eus, as suas dores.
Numa constante de angustias e alegrias.
A desenhar fantasiosas alegorias.
Sem olharem, que cada eu, é o que é, neste todo de fobias.
E intrínsecas manias.
Retiradas de ideias.
Muitas vezes originadas em fraudulentas teias.
De gnoses sem qualquer humano fundamento.
Nem universal mandamento.
Que pelo mundo, vão difundindo o seu pensamento.
Sem verem que, uma rosa, não é só por espinhos formada.
Também pode ser, deliciosamente perfumada.
E que a terra.
Não é unicamente um mundo de feroz guerra.
Também é, um éden de encontros.
E mesmo que, as mãos, se cruzem entre monstros.
Coexistem sempre abraços.
A melhores laços.
Ao longo dos caminhos que a vida vai vencendo.
E na forma de cada eu merecendo.
Entre prantos e risos.
Que a cada eu, vão servindo de avisos.
À demanda de mais amplos conhecimentos.
E mais profundos sentimentos.
Neste todo, de tantos eus, e seus relacionamentos.
Meu eu, que padece, no limiar da ponte.
Em demanda da nascente da fonte.
Criadora de todos os eus.
E de todos os Céus.
Roga por mais coragem.
Para chegar ao fim da sua viagem.
Eduardo Dinis Henriques

sábado, 13 de março de 2010

EU

EU
Meu eu! Quantas pedras piso.
E no continuar do meu eu! Aliso.
Meu eu, nascido ainda embrutecido.
Vive o tempo merecido.
E na de todos os eus, condição.
Segue em humana lição.
Na terrena filiação.
A temporal lapidação.
Meu eu! De que pertença,
É a tua tença?
Neste viver com a morte por sentença.
Num continuo de eus, em terreno amanhecer.
Neste crescer, sem ainda, o meu eu conhecer.
E do emaranhado de todos os eus criados.
E já, a outra existência passados.
Pouco resta de conclusivo e elucidativo.
Sobre o de cada eu, diverso sentimental motivo.
Tudo, no todo, é um todo, de duas partes, em constante crescimento.
È assim, o universo em movimento.
E a este crescer, nenhum eu, sem outro eu, se complementa.
No todo, de alguma razão, que a vida sustenta.
Quantas sombras e sois radiantes.
Ao meu eu, foram importantes.
Quantas corridas em vividas trilhas.
Levaram o meu eu, a imerecidas ilhas.
Mas sempre de mãos estendidas.
Porque acredito, que não há vidas perdidas.
Continuo em demanda de uma alvorada de melhor entender.
Para o todo do meu eu, e de outros eus, compreender.
Neste agigantar a alguma perfeição.
Segue o meu eu, em constante petição.
De querer saber, o porque, da sua criação.
A força, que o faz caminhar, até à humana capitulação.
Sem que, até ao último suspiro, conheça do meu eu, a sua realidade.
E no caminho da mesma lapidação segui-lo até à eternidade.
Eduardo Dinis Henriques

quinta-feira, 11 de março de 2010

EU

EU
Seguindo do meu eu, a sua vivência.
Percorro a simplicidade da minha existência.
Entre os eus, que o seu sonho vão percorrendo.
Como regato que para o oceano corre.
Mas no mar! Não morre!
Pois da serra, a água continua com sua veia cristalina.
Na construção de toda a universal sina.
Meu eu! Qual a tua perfeição?
E porque tanta aflição?
Eu, meu, qual a tua condição?
Neste todo de infinda contradição.
Aberto a infindos caminhos.
Uns repletos de espinhos.
E outros, de benfazejos carinhos.
Mas com o todo, o meu eu, é afim.
No saber, que para chegar ao fim.
O outros eus, tem que compreender.
Amar. E ao todo, de cada eu, corresponder.
Mesmo nas diferenças.
Que motivam infindas crenças.
E nos dão força para olhar o todo estrelado.
E a um Deus. Rezar ajoelhado.
Em lastima ou agradecimento.
Em função do vivido sentimento.
Meu, eu. De sofrimento.
Eu, meu. De contentamento.
Motivas a minha aparência.
És a abrangência da minha clarividência.
Meu, eu. A metamorfose, é em ti constante.
No acompanhar do todo errante.
Meu, eu. Com o todo deslumbrado.
Vivo admirado.
A olhar o Cerúleo iluminado.
Que guiará por caminho não minado.
O meu eu. Servidor
Do Divino Criador.
Eduardo Dinis Henriques

quarta-feira, 10 de março de 2010

EU

EU
Se tão simplesmente assim acontece-se.
Não haveria noite nem dia.
E cada eu, um todo de eus, sem nada que os desvanece-se.
Viveriam a uma só melodia.
Num amor de corpos juntos.
Sem espirito nem ardor.
Eus de programados conjuntos.
Eus sem criador.
Neste todo de eus.
De mãos erguidas aos Céus.
Alegria e bondade.
Ódio e maldade.
Mas felizmente, o mundo.
È muito mais profundo.
E cada eu, em seu libre arbítrio.
Vive o seu humano mistério.
Neblinas entre Véus.
Inocentes, espadas e réus.
Sem Almas que se espelhem.
Nem eus que se ajoelhem.
Se assim tão simplesmente.
Caminha-se cada eu livremente.
Meu Deus! Que força tinha a vida?
E para que, era ela vivida?
Seria ela a tantos eus merecida?
Ou simplesmente, uma corpórea meta pela morte vencida.
Eus orgânicos de Espíritos Divinizados.
Mas sem que, dos maus pensamentos fossem imunizados.
E somente ao bem acarinhados.
Eus, por outros eus, desejados.
E na cadeia de seus magnetismos amados.
Eus, que do todo ainda restam interditos.
Por que os seus Espíritos, tardam em ser benditos.
Eus sem realidade.
Sempre em demanda da sua verdade.
Vão pelo mundo instituindo grades.
Sem verem de outros eus, suas vontades.
Eus de infindas visões.
Em demanda de todas as ilusões.
Eus de sentimentos.
Consoante os vividos tormentos.
No todo de encontros e desencontros.
Entre Santos e monstros.
Que formam a pirâmide dos eus.
Que nem sempre, conseguem seguir os seus.
E tardam em ver, as verdadeiras cores dos Céus
Eduardo Dinis Henriques