sábado, 1 de maio de 2010

EU

Para cá, ou para além do horizonte.
Ou no meio da ponte.
Do tempo que nos traz a saudade
De outra idade.
Caminha o meu eu, ainda em total confusão.
Na mesma ingénua ilusão.
E ainda, ao todo das emoções eu estremeço.
Como se o meio da ponte, ainda fosse o começo.
Do poema que ainda não fiz.
Porque a vida. A tanto, ainda não satisfiz.
Assim segue o meu eu. A ponte, ao encontro de novas emoções.
Dos lábios as tentações.
Brotam em canções.
E a mente, voa pela ponte acompanhando o pensamento.
Cruzando o horizonte em deslumbrante encantamento.
Mundo etéreo sem lamento.
Espelho do firmamento.
Palco de todas as viagens.
Aonde não há horizontes de paragens.
A cercear vividas mensagens.
Recordações.
Esvoaçam pelo éter sem comemorações.
Como se a vida fosse uma imagem
De assustadora miragem.
Um palco de conflitos.
Com eus, por todo o lado a gritar aflitos.
Mas sem ninguém a levantar os braços
A fecundar humanos laços.
Um mundo de eus, perdidos.
Eus, de asas destituídos.
Eus, sem coração aos universais sentidos.
Seres que não abrem as mãos
Aos seus irmãos.
Eus, fechados aos carinhos.
Porque não encontram o rumo à ponte dos sonhos.
Eus, que vivem somente a matéria sem o imaginário
Do todo planetário.
Seres sem existência.
Eus, fechados à universal convergência.
Corpórea existência de mentes singelas.
Simples pintura de andantes aguarelas.
Mas vazias. Sem subtileza.
Nem beleza.
A viverem na escuridão de aziaga loucura.
Por não darem à vida o amor que a vida procura.
Meu eu, que à ponte te atreveste.
Festeja o que aprendeste.
E divulga a felicidade
Do que é viver a vida com amizade e verdade.
Em amor e solidariedade.
Com toda a criação da universalidade.
Eduardo Dinis Henriques

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