domingo, 30 de maio de 2010

EU

Eu
O espelho é somente meia opacidade.
De reflectida verdade.
E todo o Eu, por mais que queira.
Nunca consegue ser uma parte inteira
Da reflectida sombra.
Que a luz, mascara sempre em penumbra.
Quando na rota do seu trajecto.
Incide sobre qualquer objecto.
Negando a cada Eu, o seu cabal conhecimento.
O verdadeiro motivo de cada sentimento.
Forçando cada Eu, a viver na imagem
Da reflectida miragem.
Na falseada reflexão. Ou de cada Eu, vaidade.
Aos sentidos de cada idade.
Que vai metamorfoseando formas diferentes.
Aos olhares dos seres viventes.
Mergulhando-os em constante confusão
E desfocada ilusão.
Num cair de espelhado brilho.
Que não reflectindo a imagem, nos deixa ver novo trilho.
Num caminho sem julgamentos.
Sem coloridos fingimentos.
Num todo de serena calma.
Mas os olhos, não são somente Alma.
E nem sempre, são ao Eu, fidedignos.
Muitas vezes, são até malignos.
E ao próprio Eu, enganadores.
No falsear das reflectidas cores.
Mas cada Eu, é muito mais que as reflectidas banalidades.
Cada Eu, é um todo de universais realidades.
Sujeito a todas as formas envolventes.
E às suas transformações constantes.
Neste todo de imagens e magnetismos.
Paraísos e abismos.
Não é fácil ser-se um Eu verdadeiro.
Que não se dê por prisioneiro.
Das suas subtis contradições
E tantas espelhadas tentações.
Mas cada Eu, como cada árvore, vive de raízes.
Na origem das suas matrizes.
Que nos vão levando da ignorância à sabedoria.
Consoante se vai escrevendo a história.
Dos Eus, vividos entre ódios e amores.
Prazeres e dores.
Que formam esta imagem, feita à semelhança de Deus.
E que na luz do Divino, se espelha entre a terra e os Céus.
Sem que Eu algum, nesta universal complexidade.
Que nos permite a vivida arbitrariedade.
Seja senhor de qualquer universal elemento.
Que na terra ou no firmamento.
Espelhe o seu contentamento ou lamento.
Eduardo Dinis Henriques




1 comentário: