domingo, 23 de dezembro de 2012

EU

Para cá, ou para além do horizonte.
Ou no meio da ponte.
Do tempo que nos traz a saudade
De outra idade.
Caminha o meu eu, ainda em total confusão.
Na mesma ingénua ilusão.
E ainda, ao todo, das emoções eu estremeço.
Como se o meio da ponte, ainda fosse o começo.
Do poema que ainda não fiz.
Porque a vida. A tanto, ainda não satisfiz.
Assim, segue o meu eu. A ponte, ao encontro de novas emoções.
Dos lábios as tentações.
Brotam em canções.
E a mente, voa pela ponte acompanhando o pensamento.
Cruzando o horizonte em deslumbrante encantamento.
Mundo etéreo sem lamento.
Espelho do firmamento.
Camarim de todas as humanas viagens.
Aonde não há horizontes de paragens.
A cercear vividas mensagens.
Recordações.
Esvoaçam pelo éter a infindas comemorações.
Num todo de endeusados corações.
Mas logo, ao sonho, fere a consciência.
A lembrar a existência.
Do teatro da vivida imagem
Dada a assustadora miragem.
Neste palco de marionetas e conflitos.
Com eus, por todo o lado a gritar aflitos.
Mas sem ninguém a levantar os braços
A fecundar humanos laços.
Um mundo de eus, perdidos.
Eus, de asas destituídos.
Eus, sem coração aos universais sentidos.
Seres que não abrem as mãos
Aos eus, seus irmãos.
Eus, fechados aos carinhos.
Porque não encontram o rumo à ponte dos belos sonhos.
Eus, que vivem somente a matéria sem o imaginário
Do todo planetário.
Seres sem existência.
Eus, fechados à universal convergência.
Corpórea existência de mentes a apagadas velas.
Simples desbotadas pintura de andantes aguarelas.
Cores vazias. Sem subtileza.
Nem beleza.
A viverem na escuridão de aziaga loucura.
Por não darem à vida o amor que a vida procura.
Meu eu, que à ponte te atreveste.
Festeja o que aprendeste.
E divulga a felicidade
Do que é viver a vida com amizade e verdade.
Em amor e solidariedade.
Com toda a criação da universalidade.
Em continua e festejada natalidade.

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