Por entre vidros partidos.
Olhos perdidos.
Espreitam através das neblinas.
Em olhares de lágrimas salinas.
Mão sem pão nem pião.
Só com lugar no templo de Sião.
Quando o corpo ao todo se toldar.
E com a terrena matéria se moldar.
Sonho de criança.
Um cibo de côdea a sua esperança.
No sal de infantil lacrimejar.
Por tão pouco desejar.
Entre este inferno da humanidade.
Sem mão a caridade.
Mas corpo besuntado à vaidade.
Nos cremes da barbaridade.
Fecundados na opulência.
Das garras da violência.
Olhar sem tempo vivido.
Que pelo mundo caminha comovido.
Entre os cacos da desgraça.
Que a cada passo longe do templo graça.
Azul celeste!
Que o todo veste.
E a noite, em seu trajar escurece.
Como se o mundo fosse a estrela que ao longe aparece.
E por entre os cacos mil vezes quebrados.
Brilha aos olhos dos amargurados.
Luz! Que ilumina a mão estendida.
A esmola perdida.
Por quem no deslumbrar da luxuria.
Não escuta a lamuria.
Do olhar vidrado.
E no desejo do cibo de pão desesperado.
Corpo pequeno. De humano sofrimento.
Dado ao universal crescimento.
Corpo universal pela luz iluminado.
Só pela crueldade terrena minado.
Mas de entre o todo. O brilho celeste, ilumina a pequena mão.
Até há porta do templo de Salomão.
Eduardo Dinis Henriques
Sem comentários:
Enviar um comentário