terça-feira, 23 de novembro de 2010

OLHARES

Por entre vidros partidos.
Olhos perdidos.
Espreitam através das neblinas.
Em olhares de lágrimas salinas.
Mão sem pão nem pião.
Só com lugar no templo de Sião.
Quando o corpo ao todo se toldar.
E com a terrena matéria se moldar.
Sonho de criança.
Um cibo de côdea a sua esperança.
No sal de infantil lacrimejar.
Por tão pouco desejar.
Entre este inferno da humanidade.
Sem mão a caridade.
Mas corpo besuntado à vaidade.
Nos cremes da barbaridade.
Fecundados na opulência.
Das garras da violência.
Olhar sem tempo vivido.
Que pelo mundo caminha comovido.
Entre os cacos da desgraça.
Que a cada passo longe do templo graça.
Azul celeste!
Que o todo veste.
E a noite, em seu trajar escurece.
Como se o mundo fosse a estrela que ao longe aparece.
E por entre os cacos mil vezes quebrados.
Brilha aos olhos dos amargurados.
Luz! Que ilumina a mão estendida.
A esmola perdida.
Por quem no deslumbrar da luxuria.
Não escuta a lamuria.
Do olhar vidrado.
E no desejo do cibo de pão desesperado.
Corpo pequeno. De humano sofrimento.
Dado ao universal crescimento.
Corpo universal pela luz iluminado.
Só pela crueldade terrena minado.
Mas de entre o todo. O brilho celeste, ilumina a pequena mão.
Até há porta do templo de Salomão.
Eduardo Dinis Henriques








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