terça-feira, 9 de junho de 2009

PORTUGUESA SAUDADE



Portugal, tua letra é saudade. E guitarra a gemer, é a tua musica. Cada nação tem o seu fado. Tu tens este actual triste viver. O qual, com tanta desgraça, até o fado irá matar. Pois a fome, e o desemprogo, nunca trará saudade. Este período abrilesco, abrirá a mais negra pagina da tua história Portugal.


FUTEBOL
Neste instituído correr a qualquer camisola.
Já não se joga à equipa do coração.
A cor do vil metal, a afeição imola.
Arrastando tudo, aos valores da remuneração.
Assim, neste viver ao metal.
Não há jogada verdadeira.
Até o ir ao estádio, pode ser letal.
Quando a ganância, torna a claque desordeira.
Nesta batalha, ao puder, perdeu-se o tempo da bola.
Do garrafão do fado e da bandeira.
da chanfalhada na tola.
E da inebriante bebedeira.
Já o corpo, não rebola.
No cascalho da brincadeira.
Já a bola, não é a esteira.
Do mandão da cadeira.
Que a liberdade exacerbada, metia na cadeia.
À força, de uma Nação ordeira.
Mas, com os senhores da nova coleira.
Que muitos assassinou à política da nova bandeira.
Negando-lhes a Pátria derradeira.
Já o Domingo, não é santo dia de bola e borracheira.
Ela hoje, é jogada em qualquer dia com feira.
E como não se respeitam Divinas escrituras, até aos sábado é chutada.
E desportivamente mal tratada.
Deixou de ser cantada, passou a ser uma grande choradeira.
Com a vitória abrilesca, de força estrangeira.
Entra o país, na desordem da nova bitola.
Comem-se sardinhas com bolo rei de fraque e estola.
Todos são doutores sem caneta, a viver de armada pistola.
E a de ontem, jogada e cantada bola.
Muito mal rebola.
Transitou ao mausoléu com a sinistra ditadura.
Nesta intentona, entram na bola novos estagiários.
Senhores de diferente desportiva investidura.
Vêm das estranjas, os novos futebolistas mercenários.
Nestes novos atléticos cenários.
Perderam-se as alegrias das antigas jogadas.
Repletas de goleadas.
No tempo, em que a bola, era jogada com dedicação.
E imperturbavelmente ovacionada em grande aclamação.
Hoje, nesta democracia de falsa animação.
Passamos a viver com livros de muitas escritas.
E são tantas, de antigas escritas, as palavras ditas.
Por homens, sem as verdadeiras eruditas fitas.
Que entramos, na era de malignas desditas.
Com tantos ditos e desditos, vingam os oportunistas.
Ganham os vigaristas.
E, como não há verdadeiros estadistas.
Os ministros, são hoje, já futebolistas.
Ou com eles andam, pelas desportivas pistas.
A angariar políticos proveitos.
Aproveitando a ajuda da bola, para serem eleitos.
Hoje, até já são os futebolistas, a chamar o povo às eleições.
Como o mundo, vive tantas contradições.
E como agora, se berra por tudo e por nada.
É impossível dar atenção à voz da manada.
Neste país, de doutos de canudo duvidoso.
Mas de titulo vaidoso.
Nesta fantasmagórica fantochada carnavalesca.
Em abstracto colorido de tinta fresca.
Ganham também os cronistas.
Assim, como os jornalistas.
Na divulgação das fantasiosas jogadas.
Que os doutos das chutadas.
Goleiam, em suas parcas cabeçadas.
No entanto, no tempo dos pides sanguinários.
E dos ministros ordinários.
Em que os clubes, não eram santuários.
Nem catedrais a revolucionários.
Com interesses divisionários.
Gritava a oposição.
Nos seus comícios à transição.
Cuidado operários.
O Botas, e seus salafrários.
Com o fado, e a bola, enganam a população.
Até a Amália, é força pidesca da situação.
Camaradas destas afeições.
A que lutar contra as traições.
À que discordar e ser irreverente.
Não se pode ser benevolente.
Com quem, com a bola, difunde a Nação.
E aos chutos, nos nega a alimentação.
Nos envolve na sua nacionalista educação.
Nos inibe da liberdade.
De restarmos sem nacionalidade.
Nos obriga a respeitar os egrégios.
Só porque, foram nacionalmente régios.
Camaradas! à que lutar!
À que, pela nacional morte labutar.
A que fazer a revolução.
A que obstruir, toda e qualquer, nacional solução.
A que debilitar.
E na revolução militar.
Para tudo minar.
Até mesmo assassinar.
Quem inabilita a evolução.
Da anti nacional construção.
Era esta a gritaria.
Da nefasta confraria.
Que a nação levaria.
Ao descalabro e selvajaria.
Ao abandono e à matança .
De gente, que à Nação, foi abastança.
Do herói, que pela Pátria lutara.
E a Nação juntara.
Num universal que ás quinas cantara
Em unas camisas que o mundo fascinara.
E estridentemente ovacionara.
Hoje, com ministros outros, e tempos outros.
Desavindos são os campos e os encontros.
Já não se chuta no cascalho.
Facilitado é o jogado trabalho.
O jogador, hoje, chuta em fino relvado.
Mas na bancada, à que ter cuidado com a navalha do malvado.
Com a chanfalhada ou petardo.
Ou qualquer lançado dardo.
Motivado pelas cores em dissonância.
Na força da metálica ganância.
Que a todos, chama ao terreiro da pancadaria.
Da luta partidária.
Neste real desporto de goleada viciada.
E improvisada garraiada.
Aonde a sarrafada sai das linhas à bancada.
Aquecendo à cabeçada.
E muitas vezes, extravasa até à estrada.
Nesta revolução, já não é a bola que gira, mas sim a pedrada.
E quem sabe, se nesta bola, hoje, por todos minada.
Não começa a cair a granada.
No descalabro desta desordem, pela ganância contaminada.
Para alimentar este pancadaria, os técnicos da bola jogada.
Correm mundo na pegada.
De quem joga a bola, com boa patada.
E é de boca recatada.
Mas permite qualquer transação.
E facturação.
Duvidosamente registada.
E em paraísos fiscais depositada.
Nesta negociata do pontapé, proliferam os bacanais.
Em orgias fenomenais.
E no envolvimento dos suores carnais.
Os do pontapé chacais.
Em truques fiscais.
Fazem as grandes jogadas internacionais.
Os craques, vendem os seus dotes profissionais.
Esquecendo os interesses nacionais.
A quem der mais metálico enriquecimento.
Neste novo mundo, sem patriótico sentimento.
Vence a jogada do metálico rendimento.
Neste meretrício de animais racionais.
Não se concebem jogadas abominais.
Os jogadores, são objectos de cores mundiais
Vendidos entre desportivas filiais.
As selecções, são passaportes
A todos os nortes.
Por sorte, ainda não há na terra, seres de marte.
Para na bola, terem a sua parte.
Neste rocambolesco.
De internacional colorido grotesco.
Pode haver até mortes.
O que importa, é que, no dinheiro, não haja cortes.
A que pagar aos mercenários dos desportivos combates.
À que ganhar! O dinheiro, não cobre os empates.
Jogam os fracos, contra os fortes.
Todos correm às suas sortes.
Ou ao apito, musicado com dourados lingotes.
As claques, são aos magotes
Armadas de mísseis e canivetes.
E escondidos cassetetes.
Vil mundo de insinuações, entre calados presidentes.
É um ver, quem menos fala, sempre a mostrar os dentes.
Neste mundo com tantos doentes.
Jogam mais os dirigentes.
Com cheques e presentes.
E com ditos indecentes.
Que os craques, entre as linhas existentes.
À jogatina, já não há fronteiras nem continentes.
Felizmente, ao celeste universo, ainda não voam os exploradores.
Mas, em todos os mercados terrenos, são comprados jogadores.
Que logo são legalizados.
E algumas vezes até, nacionalizados.
E logo, à nova camisa feitos crentes.
Sejam elas brancas ou de cores berrantes.
Tanto trajam equipamentos, com as cores marroquinas.
Como trajam equipamentos, com as cores das cinco quinas.
O que interessa, são os metálicos angariados.
As cores, até podem Ter o tom, de camaleões camuflados.
Com estes chutos, de mercenário dominar.
Não há bola, que resista a tanto difamar e minar.
Nesta força de arruaceiros de esquinas.
Caminha o desporto com a casa em ruínas.
A até a bola, já mais leve e mais esférica.
Na força da nova política.
Já tanto não rebola.
Mas, transformou o mundo da bola.
No mundo da cartola.
E de rostos escondidos, debaixo de animalesca estola.
Já os jogadores, são pessoas publicas.
Recebidos com honras nas repúblicas.
Ó que saudades do tempo, em que, a bola, artisticamente girava.
Exclusivamente! Na arte, de quem a manobrava!
Em que os chutos, era um mundo de encantos.
E nas tabernas, o fado, se ouvia em todos os cantos.
Enquanto bom vinho jorrava dos toneis.
Para acompanhar o bacalhau dos farnéis.
Mas hoje, só restam os dedos, foram-se os gloriosos anéis.
Fado e bola, entre sedas e caviar, têm outros quartéis.
Outro valor, têm os seus arráteis.
Com os novos futebolísticos predadores.
Pouco se fala dos jogadores.
Salienta-se sim, a influência dos presidentes.
E dos amigos pendentes.
E como são muitos os dinheiros.
Há bola, são muitos os obreiros.
Até políticos, já andam no meio dos sarrafeiros.
Quem sabe, se não serão mesmo olheiros?
Para brilhar neste mercado de tantos parceiros.
Não se pode ter desportiva mente.
Há que ser comerciante, e ao desporto indiferente.
Ganhar é a finalidade.
Nem que a vitória, seja conseguida na matemática contabilidade.
De fora, podem ser os treinadores.
Neste moderno futebol de chutos inovadores.
E camisas multicores
Já são do lado de lá do mar profundo.
Os de hoje treinadores, que nos querem dar o mundo.
Que à selecção deste país de marinheiros.
De Eusébios e outros grandes artilheiros.
Como seu ideal.
Prometem o mundial.
Ao que resta dos egrégios navegadores.
Já sem barcos, nem nacionais vencedores.
A de hoje bola, já não tem do trapo, a singeleza.
Nem a antiga desportiva beleza.
Hoje, já tem doutores oradores.
Corruptos e corruptores.
Nesta terra, em que a bola é dos governadores.
Chuta-se a dita bola, num inferno de transferências.
E sabe-se lá, na força, de quantas corruptas influências?
Neste mundo, de tanta jogada imprevista.
E de tanto fiscal, com falta de vista.
Anda a bola à patada.
Fora das linhas, em que deve ser chutada.
E ovacionada desportivamente.
Por quem vive este sublime desporto honestamente.
Eduardo Dinis Henriques

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