segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CAMALEÃO



Vou rabiscar vulgaridades.
Cantar veleidades.
Falar sem nada dizer.
Para com o todo condizer.
Vou gritar ideologias.
Entre canções e políticas orgias.
Derrubar egrégias estatuetas.
E erguer outras políticas silhuetas.
Vou encher a pança à custa dos libertados.
Que como nunca, serão mal tratados.
No derrubar das portuguesas fronteiras.
No esfarrapar das Lusas bandeiras.
Vou andar como o camaleão.
Em corpo morto de leão.
Chafurdar no sangue que já escorre.
De tanto corpo que indefeso morre.
Vou dizer que tudo está melhor.
Na força de ignorante penhor.
Que de gamela na mão.
Assassina o seu irmão.
Vou andar disfarçado.
Para não ser ameaçado
Por este mundo hipócrita.
Que já, nem há fome grita.
Vou andar de roupa apalhaçada.
Mesmo que não seja engraçada.
Desde que condiga com a política fantochada.
Desta nojenta política trapalhada.
Vou passar a vida a votar.
E de estômago vazio arrotar.
No cheiro do sebo que exala dos votados.
Que nos vão dando desgraçados.
Vou pedir ao santíssimo.
Porque a justiça já não tem meritíssimo.
Que nos livre de tantas maldades.
E desta gente que só grita banalidades.
Eduardo Dinis Henriques


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